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Relutância - Robert Frost

Relutância - Robert Frost

Afora pelos campos e os bosques
E por cima dos muros dirigi-me;
Eu tenho subido pelas colinas da visão
E olhado o mundo, e descido;
Vim pela estrada de casa,
E então, está terminado.

As folhas estão todas mortas no chão,
Salvo aquelas que o carvalho está mantendo
Para se desfazer uma por uma
E deixá-las ir se roçar e se arrastar
Afora pela neve incrustada,
Quando outros estão dormindo.

E as folhas mortas deitam paradas,
Não mais levadas para cá e para lá;
O último longo áster se foi;
As flores da aveleira murcham;
O coração ainda está doendo de buscar,
Mas a pergunta chave ‘Aonde?’

Ah, quando no coração do homem
Foste isso alguma vez menos que uma traição
Ir com a correnteza das coisas,
Ceder com a graça de raciocinar,
E se curva e aceita o fim
De um amor ou uma estação?

ADEUS - Lord Byron

ADEUS - Lord Byron

Adeus! e para sempre embora,
Que seja para nunca mais:
Sei teu rancor - mas contra ti
Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte
Tu descansavas mansamente
E te tomava um calmo sono
Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento
No coração pudesses ver!
Que estava mal deixá-lo assim
Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,
Sorria ele ante a ação feia:
Esse louvor deve ofender-te,
Pois funda-se na dor alheia.

Desfigurassem-me defeitos:
Mão não havia menos dura
Que a de quem antes me abraçava
Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor
Pode afundar-se devagar;
Porém não pode corações
Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,
E o meu, também, bata sangrando;
E a eterna idéia que me aflige
É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza
Maior que os mortos lastimar;
Hão de as manhãs, pois viveremos,
De um leito viúvo despertar.

E ao achares consolo, quando
A nossa filha balbuciar,
Ensina-la-ás a dizer "Pai",
Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem
E ela teu lábio -houver beijado,
Pensa em mim, que te bendirei
Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços
Com os de quem podes não mais ver,
Teu coração pulsará suave,
E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,
Minha loucura ninguém sabe;
Minha esperança, aonde tu vás,
Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

Abalou-se o que sinto; o orgulho,
Que o mundo não pôde curvar,
Curvou-se a ti: se a abandonaste,
Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,
Mais vão ainda o que eu disser;
Mas forçam rumo os pensamentos
Que não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,
Cada laço estreito a perder,
O coração só e murcho e seco,
Mais que isto mal posso morrer.
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